A volta às aulas na rede municipal de ensino foi adiada para o dia 10 de agosto, em caráter preventivo. A determinação se deu a partir de reunião entre as Secretarias de Saúde e Educação, com gestores da rede municipal de ensino no Teatro Municipal Trianon, nesta sexta-feira (31). O encontro teve como objetivo orientar os profissionais da educação quanto aos cuidados que devem ser tomados para evitar a proliferação do vírus Influenza A H1N1. A maioria das instituições da rede particular de ensino tomou a mesma decisão, em todos os níveis de escolaridade.
A secretária de Educação, Auxiliadora Freitas, lembrou que a Secretaria de Estado de Educação já havia se pronunciado quanto ao adiamento do início do segundo semestre, no início desta semana e que, por isso, Campos vai monitorar este processo com ações integradas entre as secretarias. Auxiliadora explicou que também decidiu adiar o Seminário Municipal de Educação Inclusiva, que aconteceria na próxima semana, para evitar a aglomeração de pessoas e uma possível transmissão do vírus. O evento ainda não tem nova data.
- O seminário iria reunir pessoas de outros 19 municípios para os quais Campos é pólo na realização deste evento. Tomamos como referência exemplos de municípios vizinhos, como Italva, que suspendeu eventos maiores, que possam reunir turistas, em caráter provisório. Nossa preocupação é com a saúde dos nossos munícipes, mas vamos repor essas aulas para que os alunos não sejam prejudicados - disse a secretária.
Ela lembrou que a Conferência Intermunicipal de Educação, prevista para acontecer em agosto, também deverá ser adiada. A confirmação será emitida na próxima semana, já que os organizadores do evento aguardam resposta da Secretaria de Estado de Educação.
Contra a gripe - Na ocasião, o Secretário de Saúde, Paulo Hirano, apresentou o Plano de Contingência Municipal contra a Gripe A H1N1 aos gestores presentes e explicou que, se houver necessidade, os órgãos municipais estarão tomando outras medidas em conjunto. Segundo ele, o vírus sofreu considerável mutação, em razão do elevado fluxo de pessoas pelo mundo, mas esclareceu:
- Não há motivo para pânico, mas de cuidados. Nosso bloqueio epidemiológico aqui em Campos está funcionando. Nos casos que tivemos, imediatamente fizemos a quarentena domiciliar, impedindo que houvesse a transmissão do vírus até o momento. Todos os casos foram importados, trazidos por pessoas que viajaram para áreas de risco - disse.
Paulo Hirano lembrou que a Gripe A H1N1 é provocada pelo mesmo vírus da gripe comum. Segundo ele, em 99% dos casos de gripe no país, os infectados melhoram satisfatoriamente. "Só lamentamos pela demora na entrega dos resultados, que leva, em média, 15 dias, devido à quantidade de casos suspeitos", pontuou.
Epidemia de informações - Auxiliadora solicitou que as diretoras das unidades escolares da rede municipal de ensino entrem em contato com a Superintendência de Ensino da Educação para buscar mais informações. "Vocês deverão ser multiplicadores, levando as informações para os professores, alunos, pais de alunos e até mesmo para os bairros onde moram", pediu. Eles receberam um kit informativo para ser reproduzido e distribuído nas unidades.
O diretor da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Charbell Kury, e o infectologista do Hospital Geral de Guarus (HGG), Rodrigo Carneiro, mostraram os cenários da gripe no Brasil e no mundo. Eles ensinaram as medidas preventivas que devem ser tomadas para bloquear a proliferação do vírus. Charbell explicou que o estado que apresenta o maior número de casos no país é o Rio Grande do Sul, devido à proximidade com a Argentina, país com maior área de risco.
O diretor de epidemiologia anunciou, ainda, que Campos terá um ambulatório especializado para atender aos turistas que chegam ou saem de Campos, ainda sem local e data definidos para sua implantação. "O estado já nos autorizou e nas próximas semanas já vamos implementar este sistema, que atenderá aos viajantes com orientações. Vamos explicar qual vacina um cidadão deverá tomar caso vá, por exemplo, para o Mato Grosso", afirmou.
A representante da Coordenadoria Regional Norte 1 Fluminense, Jussara Ferreira, a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Campos, Rosana Juncá, e a vice-presidente do Fórum Interinstitucional de Dirigentes do Ensino Superior de Campos (FIDESC), Regina Sardinha, aprovaram a medida.
Alerta - O infectologista Rodrigo Carneiro alertou que o protocolo inicial da doença era epidemiológico, mas que o critério para detectar a doença foi alterado. "No início, quem tivesse contato com alguém gripado ou estivesse em áreas de risco, se tornava um indivíduo com suspeita de ter adquirido a doença. Agora também consideramos os quadros em que uma gripe comum se agrava", explicou, lembrando outras pandemias, como a gripe espanhola, em 1918, e a gripe viária, em 2002.
Charbell apresentou as medidas a serem tomadas para evitar a proliferação, como lavar as mãos com água e sabão constantemente e evitar lugares onde há grande aglomeração de pessoas. Aos diretores, pediu que afastem as crianças gripadas menores de 12 anos das escolas, por 14 dias. As maiores de 12 anos deverão ser afastadas por sete dias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu a contagem do número de casos, mas dados de 22 de julho apontam que somente no estado do Rio de Janeiro, há 205 casos de gripe A H1N1. Aproximadamente 0,5% dos casos mundiais são letais.
Kamilla Uhl
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